Centro de validação realiza testes de produtos e de cultivares de café

Publicado: Quarta, 22 de Julho de 2020, 13h25 | Última atualização em Quinta, 23 de Julho de 2020, 09h11

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Antes de chegar aos cafeicultores, os produtos criados com o objetivo de contribuírem com a qualidade do café precisam ser testados quanto a sua eficiência, custo benefício e garantia de serviço.

Com essa finalidade, o IFSULDEMINAS – Campus Muzambinho criou o Centro de Validação Tecnológico, local onde empresas podem estabelecer diferentes tipos de parceria para verificarem se seus produtos estão aptos para comercialização. O Centro faz parte da Fazenda Experimental de Guaxupé e trabalho com uma parceria entre o IFSULDEMINAS, a empresa júnior Agrifort e a Cooxupé.

Atualmente o Polo conta com a coordenação do Professor Doutor Felipe Campos Figueiredo, com o trabalho da Supervisora Agropecuária, Eduarda Oliveira, com dois funcionários de campo da cafeicultura, Luís e Armando, além de 6 bolsistas responsáveis por diferentes contratos com as empresas. Os bolsistas são selecionados via edital aberto pelo Instituto. Atualmente trabalham no Polo os bolsistas: Otávio, João Pedro, Bruno, André, Renan e Luana.

Integrante do Polo de Inovação do IFSULDEMINAS, o Centro de validação utiliza 10 hectares do espaço total para essas validações e tem cerca de 18 mil pés de café reservados para experimentos. Divididos em plot's de 1008 plantas cada, esses espaços são utilizados para experimentos de produtos de empresas que podem estabelecer parcerias via vitrine tecnológica, via validação tecnológica ou inovação.

Vitrine tecnológica

A vitrine tecnológica funciona a partir do consórcio de empresas que desejem testar seus produtos de forma unificada, rateando os custos do experimento.

Segundo a Supervisora Agropecuária, Eduarda Oliveira, atualmente esta sendo testado um tipo de adubo organomineral (adubo de liberação lenta). Esse teste é fruto de um consórcio entre cinco empresas e visa a comparação da eficiência e do custo benefício desse tipo de adubo frente a “testemunha” utilizada que, no caso, é o nitrato, um tipo de adubo químico.

Para fazer esse teste são realizadas as aplicações dos produtos nos plotes selecionados, depois a avaliação nutricional da planta e do solo e a colheita.

Nesse tipo de contrato da vitrine, não há cláusula de sigilo. Dessa forma, após os testes, os resultados são codificados para as empresas e depois são publicados pelos próprios alunos bolsistas responsáveis por cada experimento, em congressos e eventos da área.

Validação tecnológica

Já no tipo de contrato individual para validação tecnológica, há acordo de sigilo e os resultados são apresentados apenas para a empresa contratante que pode utilizar esses dados como achar conveniente. A publicação é realizada apenas com autorização e seguindo os termos da empresa.

Segundo a Supervisora Agropecuária, Eduarda Oliveira, a parceria com a Cooxupé é muito interessante nesse sentido uma vez que diversas empresas procuram a cooperativa para apresentar seus produtos sem validação.

É nesse momento que a própria cooperativa encaminha essas empresas para o Centro de Validação para que possam testar seus produtos com imparcialidade e garantia de qualidade.

Esse tipo de validação tem tempo de duração variável já que é necessário que se considere a bianualidade do café. Assim, anualmente, nos meses de setembro e/ou novembro é feito um relatório com todos os dados e avaliações, até que seja emitido o relatório final.

Como validar um produto?

O contato da empresa interessada no serviço de validação deve ser feito com o Coordenador da fazenda e do Polo de Inovação, Felipe Campos Figueiredo.

Após apresentada a demanda é acertado o número de plantas que serão submetidas ao teste, e é determinada a forma de tratamento e a estrutura do projeto como um todo.

O empresário ainda pode ir ao polo de inovação conhecer a área, escolher o plot onde quer testar o produto e acompanhar a montagem do experimento que será acompanhado pelos alunos bolsistas e pelos funcionários integrantes do polo.

O contrato de prestação de serviços é registrado pela empresa júnior Agrifort. Dessa forma, além de garantir um serviço de qualidade e imparcialidade para empresa contratante, também são beneficiados os alunos do curso de Agronomia que podem viver a prática administrativa e técnica de um experimento agrícola.

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Testagem de diferente cultivares

Dos 18 mil pés de café, cerca de 2600 pés integram um projeto do Polo de testar diferentes tipos de cultivares que podem ter melhor rendimento e qualidade para a região.

Empresas e cafeicultores de toda região do sul de Minas já contam com diversos serviços prestados pelo IFSULDEMINAS – Campus Muzambinho, além de todo conhecimento e pesquisas realizadas pela comunidade acadêmica. Mas para ampliar ainda mais as possibilidades de contribuição da Instituição com a produção de café que é tão importante para o sul de Minas, esses testes de cultivares estão sendo realizados e proporcionarão aos produtores o conhecimento necessário para adaptação dos seus espaços.

Ainda segundo a Supervisora Agropecuária, Eduarda Oliveira, o ensaio de cultivares mais expressivo, próximo da nossa região, é realizado na cidade de Varginha. Que apesar da proximidade relativa, possui condições de altitude e clima diferentes daqui.

Assim, para realização de uma testagem adequada as condições da região, o espaço do Polo tem sido utilizado para plantio de diferentes tipos de café e posterior verificação da qualidade e adaptação à região. Dessa forma os produtores saberão exatamente qual tipo de café é o mais rentável e adequado para sua produção.

O Polo de Inovação

O Polo de Inovação do Campus Muzambinho conta com 80 hectares de terra divididos entre o centro de validação, a área de silvicultura, a infraestrutura do polo, a área de açudes e o pasto para o gado.

A área de silvicultura é destinada a diversificação da produção que é interessante para o produtor de café. Segundo a Supervisora Agropecuária, Eduarda Oliveira, é interessante que o produtor de café reserve para de seu espaço para diversificar a produção garantindo um tipo de poupança a longo prazo. Nesse espaço do Polo, são produzidas árvores de acácia, mogno e eucalipto.

No pasto são criados 60 gados da raça nelore e a infraestrutura geral do polo ainda conta com espaços de barracão, terreiro de café, e recentemente houve a reforma do açude para o projeto de criação de peixes. Isso tudo além de outras reformas que estão previstas para os próximos meses, visando ampliação dos serviços prestados à comunidade.

Projetos do Campus no Polo

O Polo também é utilizado para validação das pesquisas realizadas por professores e alunos do Campus Muzambinho.

De forma gratuita, os membros da comunidade acadêmica podem colocar em prática seus testes e verificar a efetividade de teorias destinadas a melhoria da produção agrícola.

Essa é uma forma de validar teorias e ainda de aproximar os alunos do mercado de trabalho, uma vez que colocam em prática seus conhecimentos e podem estabelecer contatos com empresas do ramo.

Atualmente os professores Gustavo Rabelo Botrel Miranda e Roseli dos Reis Goulart possuem projetos em teste no espaço. O projeto da professora Roseli, é uma realização em parceria com a Empresa Biovalens, a qual trabalha com produtos biológicos para o controle principalmente de doenças de plantas. Com o título de "Eficiência do Bio-Imune®️ no controle das doenças do cafeeiro", o objetivo do projeto é testar este produto sozinho e associado a fungicidas químicos, visando controlar as doenças do cafeeiro. O projeto iniciou em outubro de 2019 e será conduzido até 2023, conta ainda com o apoio da aluna bolsista, Aluna: Luana Aparecida Gilio, do 7º periodo de Agronomia.

Já o projeto do professor Gustavo Rabelo Botrel Miranda trata de uma parceria com a Brasken e com a Cooxupé para implantação de mulching na linha do cafeeiro, logo após o plantio da lavoura. A intenção é que esse plástico dure de 2 a 3 anos, período de formação da lavoura, protegendo o solo e a planta com consequente redução no uso de herbicidas e no manejo do mato. Segundo o professor, esse período é de extrema importância na lavoura, o que justifica a proteção da planta e a necessidade de se aplicar menos herbicidas. 

O projeto tem como título "A aplicação de mulching na cultura do cafeeiro" e conta com o apoio do aluno bolsista Renan José Lázaro de Oliveira.

Gustavo ainda ressaltou que há outros projetos, ainda em fase de aprovação, que serão implantados no polo em breve, com parceria de outras instituições federais como o IFGoiano.

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