Conheça o Diretor da COAGRI: Oscar Lamounier Godofredo Júnior

Publicado: Quarta, 09 de Agosto de 2023, 09h24 | Última atualização em Quarta, 09 de Agosto de 2023, 09h24

03O IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho passou por diversas denominações. Na sua existência, sempre ligada ao Ensino Agrícola, recebeu três denominações: de 1953 a 1964, Escola Agrotécnica de Muzambinho; de 1964 a 1979, Colégio Agrícola de Muzambinho e pelo Decreto nº 83.935 de 04 de setembro de 1979 até 29 de dezembro de 2008, Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho-MG. A partir desta data passou a ser denominada Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho.

Nesta reportagem será apresentado um dos responsáveis por denominar a Instituição como Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho. O então Diretor da COAGRI - Coordenação Nacional de Ensino Agropecuário, o senhor Oscar Lamounier Godofredo Júnior. A COAGRI era um órgão do Ministério da Educação e Cultural, com ligação direta à Secretaria de Ensino do 1º e 2º Graus.

O Diretor contou com o apoio de sua esposa, Teresa Cristina Nunes Lamounier, trabalhando com ele na COAGRI. Casados há 57 anos, o casal tem quatro filhos, sete netos e três bisnetos. “Na minha formação aprendi a valorizar o trabalho e a família. Para mim são valores muito importantes”.08

Lamounier esteve à frente da COAGRI do ano de 1975 a 1985 e dirigiu as 35 Escolas Agrotécnicas Federais do Brasil. Ele explica que o início do Ensino Agrícola foi vinculado ao Ministério da Agricultura. Em maio de 1967, de acordo com o Decreto nº 60.731, do dia 19, o Colégio Agrícola foi transferido do Ministério da Agricultura para o Ministério da Educação e Cultura, com todo seu material e pessoal.

Quando Lamounier assumiu a COAGRI, cada instituição de ensino tinha uma nomenclatura própria e uma de suas ações foi implantar o nome Escola Agrotécnica Federal para todas as unidades. O Decreto nº 83.935, de 04 de setembro de 1979, foi assinado pelo então presidente da República, João Figueiredo. Lamounier explicou que o nome deveria ser seguido pelo nome do município em que a escola estava localizada, mas que poderiam ser mantidos nomes de referência na sequência. O Decreto traz em seu parágrafo único: “É facultada a manutenção do nome de personalidade com a qual já se identifique oficialmente a escola, como complemento à denominação estabelecida por este Decreto”.

Lamounier conta que em sua gestão visitou várias vezes todas as escolas, inclusive Muzambinho e fazia reuniões com os alunos, com os funcionários e depois com os professores, sempre nessa ordem. Um relato dado por ele, não tratando de Muzambinho em específico, mas uma lembrança em que não sabe exatamente onde teve origem. Os estudantes contaram que pregavam peças nos funcionários que cuidavam deles e acabavam criando situações desagradáveis para ambos os lados. Ele repreendeu os estudantes explicando que a Escola era a casa deles e os mesmos deveriam zelar por tudo que ali estava. A figura do inspetor de alunos, responsável pelos banheiros, alojamentos, por exemplo, foi extinta e os próprios estudantes passaram a cuidar desses ambientes. A função de monitoria foi implantada e os estudantes do terceiro ano do curso técnico eram os monitores dos ingressantes. “Eu sempre achei muito importante valorizar o trabalho e o trabalhador. Então é preciso que o jovem aprenda a trabalhar, a cuidar das suas coisas. Então se a Escola é para formar técnicos, eu tenho que aprender as técnicas”.
Em Muzambinho, ele teve grande contato com o Diretor da época, o professor José Rossi. Ele se recorda que o ambiente, tanto dos integrantes da COAGRI como das Escolas, era muito familiar. Durante as suas visitas, o Diretor da COAGRI percorria toda a escola, desde os prédios pedagógicos passando por todas as áreas da fazenda. Ele fala: “Onde tinha uma porta, eu queria ver o que tinha atrás dela”.

04Lamounier relata que se recorda de ter visitado as três escolas do Sul de Minas, a de Muzambinho, Machado e Inconfidentes. Os Campi integram atualmente o IFSULDEMINAS. Em sua primeira vinda a Muzambinho, o Diretor da COAGRI ficou hospedado na casa do professor Rossi, local onde é a atual Brinquedoteca do Campus. “Eu visitei todas as escolas e tive muito boa impressão dos diretores. Um diretor igual ao Rossi, por exemplo, teve a vida toda praticamente dedicada a essa escola. Eu acho que ele era um educador nato, era uma pessoa muito boa”. Lamounier diz que o professor Rossi era uma pessoa simples, muito trabalhadora, muito bom administrador e tinha amor pela Escola.

Outra curiosidade que Lamounier relembrou da sua época em que esteve à frente da COAGRI, foi de um egresso da Escola Agrotécnica de Muzambinho, Júlio César de Araújo, um técnico agrícola que trabalhou com ele na Coordenação e tem um amor muito grande por Muzambinho. O Diretor comentou que ele era um profissional extraordinário e que o incentivou a seguir com seus estudos para que pudesse crescer ainda mais profissionalmente. “Ele fez o Curso de Esquema II, antigamente tinha esses cursos, era um curso de Pedagogia para quem era de nível médio. [...] O currículo desse curso era de aprofundamento na área técnica e a parte pedagógica. [...] Esse curso habilitava a ser professor de Ensino Médio”.

O senhor Oscar Lamounier sempre foi um grande entusiasta do Ensino Agrícola e batalhou para que as Instituições fossem mantidas sob a direção do Ministério da Educação e Cultura. Ele se recorda que logo no início de sua gestão na COAGRI recebeu uma ordem do Ministério para acabar com os Ginásios Agrícolas, - Ela relata que em Inconfidentes e Machado havia Ginásios. No entanto, fez uma intervenção junto às autoridades do MEC para que mantivessem as Instituições no âmbito Federal, para que não fossem transferidos para os Estados e o ensino ginasial fosse sendo encerrado ao longo dos anos e iniciado o curso técnico. Isso ocorreu ao final do quarto ano e todos os antigos ginásios, na época eram sete, passaram a ofertar o curso técnico e foram mantidos no Governo Federal.

Entre as inovações implantadas pela COAGRI houve a função do supervisor pedagógico e do orientador educacional nas Escolas. Ele explica que pode ser que uma escola ou outra tivessem os profissionais, mas em larga escala, foi obra da COAGRI. Lamounier conta que em Brasília tinha uma ótima equipe de pedagogos que o auxiliava, mas que ele também atuava em conjunto com os pedagogos e educadores que ficavam nas Escolas Agrotécnicas. Ao se reunir com os pedagogos das Escolas era possível criar uma troca de experiências e as ações bem sucedidas eram replicadas pelos pedagogos de Brasília em outras Escolas. Na sequência falou sobre a filosofia do “Aprender a fazer e fazer para aprender” que fazia parte do sistema das Escolas-Fazendas. “Isso é bem a tradução de teoria e prática”. Antigamente o lema era: “Aprender a fazer, fazendo”. A mudança ocorreu em comum acordo com os alinhamentos traçados pelas equipes pedagógicas. “A gestão da COAGRI, sob a nossa administração, foi marcada por uma renovação administrativa, renovação de recursos físicos, instalações, equipamentos, mobiliários. E uma renovação pedagógica, objetivando a formação integral do adolescente. A Cooperativa-Escola foi instrumento fundamental deste processo”.

Em sua memória também ficou marcado o caso do nosso egresso Benedito Leite Ribeiro Neto. Lamounier contou que chegou a debater o caso com a Orientadora Educacional da época, professora Maria dos Reis Carmo, e apoiou o ingresso de Benedito para que estudasse na Instituição.

Oscar Lamounier deixou a COAGRI em meados de 1985 e, pouco tempo depois, a Coordenação deixou de existir. Ele conta entusiasmado sobre a amizade que perdura até os dias atuais. Os ex-funcionários da Coordenação Nacional de Ensino Agropecuário reúnem-se anualmente em Brasília e possuem um grupo de bate-papo intitulado COAGRINOS. “Nós conseguimos fazer o Ensino Agrícola, não só na sede lá em Brasília, mas eu sinto que em toda a rede COAGRI, uma família”. Ele explica que julga pertinente apontar que todos faziam parte de uma família, pois o Diretor da Escola Agrotécnica era um verdadeiro pai para os estudantes. Lamounier inclusive comentou que o professor Rossi e sua esposa, Dona Venturosa (docente da Instituição), eram verdadeiros pais dos alunos. Não só eles, mas os diversos funcionários que moravam nas Escolas do país. “O papel do diretor é fundamental em uma escola”.

Para encerrar esta passagem dos 70 anos da história do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho, Lamounier disse que espera participar das festividades do Jubileu de Platina e que tem muito carinho pelo Sul de Minas e pela Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho - nome implantado por sua gestão na COAGRI.

Texto: ASCOM - Campus Muzambinho
Fotos: Arquivo Campus Muzambinho e Arquivo pessoal

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