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Professor Marcelo Bregagnoli: a caminhada de um garoto que sempre soube o que queria ser

Publicado: Sexta, 20 de Outubro de 2023, 16h42 | Última atualização em Sexta, 20 de Outubro de 2023, 16h44

DSC 0162Ao longo dos anos, os discursos proferidos no IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho apontaram a Instituição como um celeiro de homens e mulheres com grande potencial para fazer a diferença no mundo. O personagem principal deste enredo é Marcelo Bregagnoli, egresso da Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho e atual Diretor da Diretoria de Desenvolvimento da Rede Federal da Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

Ainda na década de 80, Marcelo, nascido na cidade de Monte Santo de Minas, já acreditava no poder transformador da educação. Veio estudar na Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho, no ano de 1988, quando fazer parte dessa Instituição era o sonho de todos que residiam nas cidades ao redor, principalmente naquelas que não tinham tantas opções educacionais. “Muzambinho sempre foi referência educacional. Ser agricolino era como um selo, uma marca. Ter alojamento e alimentação é um diferencial, além da qualidade de ensino”, relata Marcelo.

Marcelo conta que sempre foi muito independente e estudar em Muzambinho representava uma expectativa de futuro. O curso existente à época era o de Técnico em Agropecuária. “Minha origem é agrária, por isso meu sentimento está muito ligado à terra”, diz ele.

Marcelo prestou o vestibular, foi aprovado e tornou-se um dos estudantes internos da Escola. Além dos alojamentos coletivos, havia espaços específicos para aqueles que eram chamados de “moradores de setor” , Marcelo explica que havia o alojamento geral e os alojamentos específicos, chamados de “casinhas” que ficavam nos setores. Eram opções de moradia com um número reduzido de pessoas, mas com o compromisso, com a responsabilidade de cuidar do setor. Nas palavras de Marcelo, “o morador de setor era visto de um modo diferente, por causa da responsabilidade, do caráter educacional, do compromisso, diferente do processo formativo existente dentro de sala de aula”.

Cada setor tinha a sua necessidade. Assim a quantidade de moradores do setor variava de acordo com essa necessidade, algo entre 3 a 10 moradores. Essa vivência trazia um aprendizado maior do que o que era adquirido em sala de aula, segundo Marcelo. Inclusive, ele chegou a ser ‘morador de setor’.

Marcelo se recorda que os estudantes da Escola Agrotécnica eram conhecidos como ‘agricolinos’, os moradores da cidade de Muzambinho se referiam a eles desta maneira também. Desse período de estudante, Marcelo conta que dos vários momentos que vivenciou na Escola Agrotécnica um deles é extremamente marcante: a formatura, a finalização do ciclo em Muzambinho, em 1991. Toda essa convivência, embates, frustrações, alegrias, fortaleceram o espírito de união, de irmandade e hoje, 32 anos depois, quando se reencontram é como se estivessem encontrando um irmão e parece que o tempo não passou. Todos saíram dali com grandezas pessoais, pensamentos reformulados e laços estreitados, tanto da parte dos alunos como de professores e técnicos.

Durante o período em que Marcelo estudou em Muzambinho, as Escolas Agrotécnicas eram coordenadas pela COAGRI - Coordenação Nacional de Ensino Agropecuário, órgão do Ministério da Educação e Cultura ligado à Secretaria de Ensino do 1º e 2º graus. “O lema da COAGRI ‘Aprender a fazer e fazer para aprender’, eu levo comigo até hoje”.

Após a formatura, Marcelo prestou vestibular em Viçosa e no Rio de Janeiro e passou em ambas as Universidades, mas ele já tinha como sonho desde os 15 anos quando chegou em Muzambinho e teve contato com os professores, já na primeira semana de aula, ser professor de uma Escola Agrotécnica. Então, como os seus professores eram formados na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ele optou por cursar Ciências Agrícolas nessa Universidade. “Olha só que bacana, era o que eu queria e é o que sou. Estou na gestão há algum tempo, mas nunca deixei a sala de aula. Tive que deixar a sala de aula este ano, por conta de ter vindo para Brasília, mas foram 26 anos de aula, porque é o que eu sou: professor. E eu sou professor da Rede Federal, do Instituto Federal, o que eu guardo com mais orgulho”, fala Marcelo.IMG 0491

Uma das coisas que o impressiona é que até hoje, desde a época de estudante em Muzambinho, ele tem mais grupos atuantes da Escola Agrotécnica do que da Universidade. Ele ressalta que a ligação é muito grande, porque a convivência era integral, 24 horas por dia, fazendo com que se tornassem uma grande família. “Os professores eram como pais, a acolhida sempre foi muito grande. Era muito evidente essa questão de “família”, além da relação aluno-professor”, diz Marcelo.

Logo após se formar em Licenciatura em Ciências Agrícolas, Marcelo ingressou no Mestrado na Rural do Rio de Janeiro. Como havia muita greve na Faculdade, gerando instabilidade muito grande de períodos e como tinha um lado vocacional acadêmico muito forte, também fez dois concursos federais e passou nos dois. Desejava ir para outras regiões, mas a convite do Professor Ivan Antônio de Freitas e do Professor Luiz Ribeiro Dias Filho, decidiu fazer parte da equipe de Muzambinho, foi transferido para cá, o que lhe permitiu também a proximidade com a família e com os amigos.

E aqui Marcelo enfatiza algo a respeito do Professor Luiz Ribeiro. Ele foi uma pessoa que deixou marcas de caráter indeléveis na vida de Marcelo, pois foi um professor que transcendeu as paredes da sala de aula ensinando sobre a vida. Esse foi o diferencial para que Marcelo decidisse voltar para Muzambinho, como professor da Escola Agrotécnica. E esse aprendizado sobre a vida, Marcelo levou para sua atuação como docente, entendendo as dificuldades dos alunos, pelo fato de também ter passado por essa experiência, e tentando ser espelho, referência para os discentes.

Mesmo sendo um professor exigente, mantinha uma relação de amizade com seus alunos. Para Marcelo, “ser professor é um compromisso de honra.” A docência é uma grande satisfação para Marcelo. Segundo ele, é algo que o mantém vivo e estar afastado da sala de aula devido a função que ocupa hoje o entristece bastante, afinal são 26 anos dedicados à docência. Também se sente grato pelos seus alunos que hoje se tornaram colegas de trabalho.
Marcelo diz que tenta resgatar a práxis da época da COAGRI, e que a criação da OBAP - Olimpíada Brasileira de Agropecuária tem muito dessa questão, algo balizado nessa filosofia. Em relação à OBAP, Marcelo diz que sempre quis associar o esporte que faz parte de sua origem, como o Judô que aprendeu e aperfeiçoou junto ao Professor Ivan e Professor Rômulo, com a parte que gosta muito que é a parte agrícola.

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Ele conta que por volta do ano de 2005 começou a ter contato com as Olimpíadas Científicas e ficou se questionando se daria para associar uma coisa à outra, a parte esportiva com a parte agrícola. Ainda estava com esse projeto em mente quando assumiu a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação e submeteu um projeto ao CNPQ e de pronto foi aprovado. De acordo com Marcelo, “o primeiro ano foi um desafio”, mas hoje existe uma rede de colaboração e além do IFSULDEMINAS existem as parcerias do IF São Paulo e IFSUDESTE. Assim, a OBAP se tornou reconhecida, tendo na cerimônia de premiação do ano passado, a presença de um Ministro, um Secretário de Estado e também de um Vice-Governador.

A OBAP deu um salto partindo de 130 a 140 equipes com 4 estudantes na fase inicial para o recorde deste ano de 1500 equipes com 3 integrantes, um quantitativo de 4 a 5 mil estudantes, isso somente na fase nacional, pois o que acontece dentro das instituições antes dessa fase, não é quantificado, salienta Marcelo.

Em 2014 houve a proposição do IFSULDEMINAS de sediar a IESO e em 2015 a OBAP aconteceu em Poços de Caldas, o que fez com que a Olimpíada tivesse um “boom” e outras redes começassem a participar. Isso trouxe uma socialização do IFSULDEMINAS que é o organizador, com essas outras instituições, além de dar uma arejada na Olimpíada com novos pensamentos e provas práticas. “Hoje, quando se fala em OBAP, fala-se em IFSULDEMINAS. É uma associação, é de uma coisa a outra e é muito positivo porque é uma imagem vendida, associada à qualidade de ambas, uma sinergia que demonstra que estamos no caminho bom. Então, tomara Deus, que a gente tenha energia para poder levantar essa bandeira aí por tempos e tempos.”, enfatiza Marcelo, orgulhoso do projeto.

DSC 0254Marcelo, foi eleito Reitor do IFSULDEMINAS duas vezes e deixou o cargo em 2022, atualmente está na SETEC, a convite do Governo Federal, do Ministro da Educação, Camilo Sobreira de Santana e do Secretário de Educação Profissional e Tecnológica, Getúlio Marques Ferreira, e diz que devido a sua trajetória como Reitor e o fato de ter passado por várias coordenações, o fez perceber que estava preparado para esse grande desafio e por isso aceitou o convite. Isso também trouxe a oportunidade da OBAP ter a sua fase final em Brasília, com 200 estudantes de 27 estados do país, que tiveram a experiência de conhecer a Capital Federal e para muitos deles pode ser um momento único. Na categoria Técnico Integrado/Concomitante, o primeiro lugar foi conquistado pela equipe Agroalpha do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho.

Em sua experiência enquanto Reitor do IFSULDEMINAS tinha como desafio manter unida a Instituição e também o compromisso com a sociedade. E dentro disso foram implantados dois Campi Avançados e também a consolidação das três unidades que já vinham da gestão anterior. Outro desafio também foi a questão da pandemia, onde a sociedade pôde perceber que o IFSULDEMINAS vai muito além da formação técnica, que possui uma estrutura para gerenciar ações no tempo de crise, como a transformação de bebida em álcool e do tabaco em compostagem. E mesmo com toda a dificuldade da pandemia, de acordo com os dados da Plataforma Nilo Peçanha, o índice de evasão foi um dos menores da história do Instituto, devido a solidez dos programas de bolsas e apoio de tutores para atender o estudante, o que resultou nessa marca cada dia mais fortalecida do Instituto Federal do Sul de Minas.

Marcelo também aponta o princípio da verticalização dos Institutos Federais que prevê que os estudantes tenham acesso a todas as etapas do ensino em uma mesma instituição. Ele lembra que entre 2008 e 2009 foi implantado o primeiro curso de Pós Graduação Lato Sensu presencial do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais que é o de Cafeicultura Sustentável e foi um sucesso, pois deu aos estudantes a possibilidade do princípio da verticalização. O aluno chega para fazer o curso técnico, passa para a graduação e depois para a pós-graduação. Atualmente o IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho oferta o curso de Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional - ProEF.

Sobre a possibilidade de passar em praticamente todos os âmbitos da Instituição da Rede Federal e chegar a Diretoria de Desenvolvimento da Rede Federal da Educação Profissional, Científica e Tecnológica, faz Marcelo refletir sobre a sua história. Ele diz que todas as suas ações são alicerçadas nessa sua história de vida, na decisão que tomou em 1988 de ir estudar na Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho e de fazer tudo com a mente e o coração, no sentido de caminhar conjuntamente a razão e a emoção para levar o melhor para as pessoas.

De acordo com Marcelo, todas essas ações, todo esse trabalho conjunto do IFSULDEMINAS foi o que possibilitou à ele, hoje, estar à frente de uma Diretoria no MEC, o que lhe traz muito orgulho, mas também muita responsabilidade, muito compromisso.

A mensagem de Marcelo para o Campus Muzambinho na comemoração dos 70 anos é “continue a fazer a diferença na vida das pessoas, continue a levar esperança, no sentido amplo. Para além da questão da empregabilidade, do empreendedorismo, no sentido da vida, Muzambinho representa um sentido de vida. Essa questão de ampliação é muito importante, mas sem deixar perder as características de unidade do interior, que acolhe, que dá o ombro amigo. Isso é essencial. A todos os servidores, continuem fazendo essa tarefa tão honrosa que é levar o bem à sociedade, sobretudo à sociedade do Sul de Minas que é a minha origem e essa questão local é muito importante para mim.”

Texto: ASCOM - Campus Muzambinho
Fotos: Arquivo do IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho

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