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Brincar e jogar é mais sério do se pensa! Da Ciência e do Direito Humano ao brincar

Publicado: Quarta, 09 de Julho de 2025, 07h49 | Última atualização em Quarta, 09 de Julho de 2025, 07h57

O jogar e o brincar não é levado a sério na escola, afirmam os pesquisadores Rogério Grillo, Eloisa Navarro e Gilson Santos Rodrigues, em um artigo científico publicado na revista Corpoconsciência. Porém, para a ciência, a arte e a educação, o brincar e o jogar são atividades muito sérias. Matemáticos e Sociólogos recorrem à Teoria dos Jogos a fim de estudar as estratégias, as interações, as relações e as decisões que afetam a vida social; Filósofos falam de um necessário equilíbrio entre a razão e a dimensão lúdica da vida; Antropólogos salvaguardam jogos, brinquedos e brincadeiras como artefatos das várias culturas lúdicas; Psicólogos se utilizam de jogos na clínica (ludoterapia), nos estudos sobre consciência, neurociência e saúde mental; Artistas dispõem de jogos e brincadeiras para criar as suas obras, e, de resto, Professores utilizam jogos e brincadeiras para ensinar conteúdos escolares, avaliar conhecimentos, como também para que os alunos possam se apropriar da cultura lúdica local, regional e mundial.

Você sabia que o brincar é um direito humano fundamental? Pois é, está previsto em lei: no Brasil, a lei nº 14.826 de 20 março de 2024 institui que a República Federativa do Brasil deve proteger, preservar e garantir o direito humano ao brincar. Antes dela, o artigo 217 da Constituição Federal já determinava que é dever do nosso Estado garantir o acesso e o usufruto ao esporte e ao lazer. Além disso, a ONU - Organização das Nações Unidas, em 1959, em seu Princípio 7º, determinou que “a criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se”, portanto, consagrando o brincar como um direito fundamental. No artigo 31 da Convenção sobre os Direitos da Criança, em 1989, a ONU promulgou o direito da criança ao descanso, ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas. Ou seja, brincar e jogar é mais sério do que se pensa: trata-se de um direito fundamental previsto, inclusive em nossa Constituição de 1988, conforme dito.

Seja pela importância científica ou pela garantia como direito fundamental, o brincar e o jogar são cruciais para a escola. Tal aspecto leva em conta, sobretudo, a atual configuração da vida contemporânea. A sociedade do século XXI caminha a passos largos em direção à hipertrofia do tempo de trabalho, à mercadorização do lazer e do lúdico (Ludopolítica), ao empreendedorismo de si e à soberania do eu, afirmam Byung-Chul Han em A sociedade do cansaço e Elisabeth Roudinesco no livro O eu soberano. Essa sociedade subvaloriza o tempo de brincar, de jogar, de lazer e da convivência social, assim, retirando destes comportamentos lúdicos seu potencial emancipador e criativo. Um sintoma disso é o esquecimento coletivo da dimensão lúdica da vida vivida em comunidade, expresso, por exemplo, no brincar na rua, nas praças terrenos baldios e nos recreios. Será que é isso o que queremos para as futuras gerações?

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Legenda: Cartaz de divulgação
Fonte: Gilson Santos Rodrigues

Sensibilizados por esse assunto e articulando-o ao texto curricular da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), os professores Fernando D’Alessandro, Gilson Santos Rodrigues e Rogério de Melo Grillo, docentes da disciplina Integradora Artes/ Educação Física no Instituto Federal do Sul de Minas Gerais - Campus Muzambinho, promoveram o Dia do Brincar e Jogar no IFSULDEMINAS - Campus Muzambinho.

Com apoio e suporte da coordenação e do corpo docente, nos dias 04 e 05 de junho de 2025, o evento foi realizado nas dependências da escola, para 300 estudantes do Instituto Federal.

O evento marcou o fim das atividades do primeiro bimestre letivo de 2025. Porém, não se tratou de um evento esporádico. Pelo contrário, o evento é parte do conteúdo de ensino da disciplina de Artes/ Educação Física em comemoração ao Dia Mundial do Brincar (28 de maio). Durante as aulas desse bimestre foram tratados os jogos para o desenvolvimento do pensamento matemático realçando o seu valor como recurso didático, jogos de azar problematizando as questões do vício e dos jogos de apostas avultadas pela regulamentação da legislação das bets, jogos teatrais, jogos e linguagem, jogos e brincadeiras das culturas indígenas e afro- brasileiras, conforme a lei nº11.645 de 10 março de 2008. Como atividade avaliativa, os estudantes do 1º ano do Ensino Médio Técnico fizeram pesquisas resgatando jogos e brincadeiras da cultura lúdica local e produziram textos/documentos em formato audiovisual para a disciplina. Essas produções foram usadas para consubstanciar a realização do Dia do Brincar e Jogar no IFSULDEMINAS - campus Muzambinho.

TEXTO E IMAGENS: Gilson Santos Rodrigues

 

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